sábado, 7 de março de 2009

Mulheres e o Mercado de Trabalho


As mulheres são as “Maiores e Melhores”, embora profissionalmente isso ainda não seja reconhecido. Isso está bem longe de ser um discurso feminista ou uma chamada da “Revista Exame 2009”. Esse é o resultado da análise de vários estudos e estatísticas.

No mundo, o número de mulheres no mercado de trabalho é o maior da história (Organização Mundial do Trabalho, 2008), totalizando 1,2 bilhões de trabalhadoras. O novo século iniciou com as mulheres sendo a maioria da população do nosso país (51,31%) e tendo mais da metade delas trabalhando ou procurando trabalho (Fundação Carlos Chagas). A escolaridade média das mulheres ocupadas é maior do que a dos homens (7,3 anos para as mulheres e 6,3 anos para os homens). Além de serem as que mais ingressam no ensino médio (54%) e no ensino superior (56%), são também as que mais concluem seus estudos (58% no ensino médio e 56% no ensino superior). Elas só não são a maioria em Ciências, Computação e Agricultura e Veterinária, mas representam 75% das áreas de Educação e 72% da área de Artes e Humanidades, contrariando Friederich Hegel (filósofo e historiador alemão) que afirmou: "A mulher pode ser educada, mas sua mente não é adequada às ciências mais elevadas, à filosofia e algumas das artes."

Hoje as mulheres estão integradas em todos os ramos profissionais, mesmo naqueles que, ainda há bem pouco tempo, apenas eram atribuídos aos homens, nomeadamente a intervenção em operações militares de alto risco (FABIAN, P.A; 2008). Pesquisas realizadas pela Catho Associados mostram que as mulheres já superaram os resultados obtidos pelos homens no mundo dos negócios. No Brasil, as mulheres são referencia no comando de franquias, gerando uma rentabilidade 28% maior do que os homens (Jornal Zero Hora, 05/03/2009). O número de mulheres em lugares diretivos é ainda diminuto, apesar de muitas delas demonstrarem excelentes qualidades para o seu desempenho (FABIAN, P.A; 2008). Elas também possuem maior estabilidade com suas equipes, são mais organizadas e detalhistas, e possuem mais facilidade que eles de adaptarem-se as estruturas, como vem se adaptando as diferentes situações, nos diferentes papéis que desempenham na sociedade (SHINYASHIKI,2006). Nesse caso, equivocou-se também, Henrique VII (rei da Inglaterra, chefe da Igreja Anglicana, século XVI) quando disse que: “As crianças, os idiotas, os lunáticos e as mulheres não podem e não têm capacidade para efetuar negócios."

Embora as mulheres brasileiras tenham adquirido um maior nível de escolaridade, apresentem crescimentos anuais de participação no mercado de trabalho e na economia, maiores que a masculina, principalmente na região sul do Brasil e significativamente maiores na Região Metropolitana de Porto Alegre (site do DIEESE/Mulher 2009), o reconhecimento ainda está aquém. Em qualquer ocupação elas ganham menos que eles, e os rendimentos femininos, mesmo com jornada semanal de trabalho igual (40 a 44 horas), chegam a quase 60% a menos, comparadas a homens de mesma escolaridade (administradores.com.br). O Brasil é oficialmente o campeão, tendo a maior diferença salarial em relação aos homens no mundo todo: 34% (Jornal Zero Hora, 05/03/2009). Além de perceberem baixos salários, terem menos empregos a elas disponibilizados (obrigando-as a sujeitarem-se a postos de trabalhos vulneráveis - sem proteção social e direitos trabalhistas) e com mais obstáculos de acesso a cargos de chefia, exercendo dupla jornada de trabalho (no emprego e no lar), restando-lhe menor tempo disponível para a qualificação profissional, as mulheres ainda são vítimas de preconceitos (o da chamada "inferioridade" do sexo feminino em relação ao masculino) e abusos (como o assédio sexual no trabalho) que são reveladores do tratamento desigual a que estão sujeitas (Secretaria Especial de Política para as Mulheres).

Alheia a todas as dificuldades e falta de reconhecimento profissional, a mulher continua destacando-se na busca de crescimento e emancipação, superando o homem na maioria dos índices, e inclusive contornando habilmente o acúmulo de funções e a maternidade, que segundo as pesquisas atuais (IBGE e DIEESE) é considerado como seu principal obstáculo. E embora o mercado de trabalho seja considerado por alguns autores como patriarcal e machista, prefiro olhar para os resultados positivos alcançados pelas trabalhadoras desse Brasil e encerrar com a modernidade da reinvenção feita por Arnaldo Jabor: “O dito está envelhecido. Hoje eu diria que "na frente de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher". Parabéns a nós mulheres!

Janice Machado

Agradecimentos pelas informações:
Professor Pablo Alejandro Fabian (UFRGS) – Relações Públicas – Consultor de Empresas - www.strunfero.blogspot.com
Professor Ilan Himerlfarb - Advogado – Ms. Ciências Sociais - Consultor de Empresas - www.observatorioantena.zip.net

sexta-feira, 6 de março de 2009

Os Passos da Certificação


A primeira pergunta que ouço nas empresas dispostas a implantar quaisquer sistemas de gestão é: “- Por onde começamos?”. Na ansiedade de rapidamente obter os benefícios, muitas vezes são atropeladas etapas significativas da construção do sistema. É preciso saber que especificamente na implantação dos sistemas de gestão para produção de alimentos seguros a “ordem dos fatores altera totalmente o produto”, ou seja, não é possível implantar algumas etapas, sem necessariamente ter já implementado as anteriores.

A resposta da pergunta anterior é tão relativa quanto às teorias de Einstein. Tudo dependerá da cultura empresarial: conhecimento e evolução já adquiridos, tempo que será dedicado e grau de envolvimento das pessoas. No caso das normas para segurança de alimentos, ainda há dois aspecto importantes: adequação da estrutura física e disponibilidade de recursos para essa adequação.

Inicialmente, sempre recomendo fazer um simples diagnóstico dessas questões. Questionários de investigação para certificação podem ser encontrados em vários sites, mas o melhor ainda é o Check List da ANVISA contido na Resolução 275. Embora inicialmente assustador pelo número de requisitos, esse será a informação mais honesta de diagnóstico, pois revelará o que legalmente deveria estar sendo cumprido por todas as empresas da cadeia produtiva de alimentos.

Os passos seguintes, obrigatoriamente nessa ordem, deverão ser:
1) Estabelecer cultura organizacional fundamentada em Programas de Higiene e Sanitização;
2) Adequar-se as Boas Práticas Agrícolas, de Fabricação ou Manipulação;
3) Implantar a Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle APPCC).
Surpreendentemente, são apenas essas as etapas para a implantação de um sistema de gestão certificado pela norma ISO 22000. A dificuldade normalmente reside na primeira etapa. Infelizmente nossa cultura higenico-sanitária é de um país subdesenvolvido. Provavelmente a maioria das residências desse nosso Brasil continental não possua as condições mínimas para fazer a limpeza e higiene, tanto pessoal, quanto da estrutura física doméstica. Independentemente das responsabilidades governamentais ou da formação familiar e/ou escolar, a verdade é que esses brasileiros entram no mercado de trabalho desconhecendo conceitos básicos de higiene e apenas repetem em suas empresas aquilo que trouxeram em sua cultura. Dessa forma, estaremos nos próximos artigos abordando cada um desses passos, com informações (dicas) do que fazer para melhor conduzi-los no ambiente empresarial.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

ENTENDENDO A ISO 22000


As Vantagens e Facilidades da ISO 22000


Embora exista desde 2005, a norma ISO 22000, ainda é uma desconhecida da maior parte da cadeia produtiva de alimentos. Esse amplo Sistema de Gestão em Segurança de Alimentos, o qual engloba desde os produtos fornecidos ao produtor agropecuário até a mesa do consumidor, assusta os gestores, tanto pelo seu amplo escopo, quanto pela sua abordagem.

Nossa proposta é apresentar um conjunto de artigos que venham demonstrar as vantagens da implantação da norma e desmistificar as dificuldades criadas pela implantação de outros sistemas, programas e normas associadas.

O primeiro passo é entender a importância desse sistema para a produção de alimentos. O Centro de Controle de Doenças (CDC - EUA) publicou que os cinco maiores fatores de risco de doenças relacionadas a alimentos são: (1) as condições precárias de higiene, (2) alimento mal cozido; (3) uso de equipamentos que não estão devidamente calibrados, limpos e sanitizados, (4) compra de alimentos de fornecedores não qualificados. Embora 50% da eliminação das causas de doenças dependam do consumidor, são os 50% que dependem da produção agroindustrial os que passam a serem notícias nos jornais. Na semana passada, os jornais mundiais divulgaram a prisão de empresários de indústrias de alimentos na China, os quais seus produtos provocaram intoxicação alimentar há mais de 4 anos. Esse é um caso recente, mas poderíamos citar muitos outros como as 300 pessoas de Maringá em junho de 2005, os jogadores chilenos que não puderam jogar o campeonato pela água contaminada, a grande indenização paga pelo Carrefour por uma torta estragada, entre outros. Sendo assim, produzir alimentos passou a ser mais que uma simples atividade profissional. Atualmente, esse deveria ser um compromisso pessoal dos acionistas da cadeia produtiva de alimentos com a saúde de todos os consumidores, ou seja, uma responsabilidade social, que cruza as fronteiras globais e ao mesmo tempo cuida das pessoas mais próximas: vizinhos, parentes e amigos.

Os cuidados com a produção de alimentos devem ser maiores que qualquer outra indústria, inclusive a farmacêutica, não só pelo volume disponibilizado e consumido pelo mercado (no mínimo três vezes ao dia/pessoa), mas pelo alto risco associado ao aspecto perecível de quaisquer produtos. Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) procure regulamentar e fiscalizar, a legislação vigente aplicável ainda está aquém das exigências de mercados consumidores externos. A norma 22000 atende as legislações nacionais, e durante mais de 5 anos de exaustivos estudos, buscou incorporar todos os requisitos dos mercados mundiais e suas normas, que vão desde as exigências dos produtos kosher até os requisitos do Global G.A.P.

A grande vantagem da implantação de qualquer sistema que propicie uma melhor gestão sobre os processos de produção (Sistemas de Gestão pela Qualidade, Sistema 5S, Produção Integrada, Boas Práticas de Fabricação Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle, entre outros) é eliminar o risco do alimento causar dano ao consumidor quando preparado e/ou consumido de acordo com o seu uso pretendido (Conceito de Segurança de Alimentos – subcláusula 3.1 da ISO 22000:2006).

Enfim, a ISO 22000, além de atender a legislação vigente e demonstrar estabelecer o compromisso da empresa com os produtos que são colocados no mercado, ainda:

· Aumenta a competitividade dos produtos na disputa por outros mercados, eliminando o risco de não aceitação dos produtos em mercados exigentes (exemplos: exportação, consumo classe A, etc.);

· Envolve toda a cadeia produtiva (fornecedores e clientes intermediários do processo) no compromisso de garantir a segurança do produto (exemplo: produtor agrícola ou produtor de rações até o supermercado, o restaurante e a transportadora);

· E minimiza os riscos associados à segurança dos produtos, diminuindo a preocupação dos produtores com futuros problemas jurídicos e de reputação das suas empresas.

Os próximos artigos apresentarão os sistemas incorporados a essa norma e os passos para a implantação desses sistemas.